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quarta-feira, 2 de março de 2011

"Além dos Outdoors"

Estava assistindo um filme do Clint Eastwood...

"Dois irmãos sentem que a mãe está chegando em casa. A feição dos garotos de preocupação é evidente. A mãe abre a porta e está claramente muito alcoolizada. Entre passos e tropeços abre a geladeira para útlima dose de alguma bebida destilada". É aí que você pensa "Ixihh esta mulher (má) vai bater nas crianças". Bom, ela não bate e vai pra cama. No dia seguinte a mãe não é tão mal como você espera. Ela tem um problema, evidentemente, mas ama seus filhos...

Vejamos, nem tudo (ou nada) é complemente mau ou completamente bom.

Aí está, temos o nosso Clint Eastwood em um roteiro não simplista e longe de ser previsível. Nem sempre você sabe o que vai acontecer depois, pois é assim que é a vida. Nem tudo precisa cair no embalo Hollywoodiano.

Agora eu coloco. Não é bom que isso aconteça também na música? Por que tanto clichê? Por que não irmos atrás de novas idéias, e não ficar repetindo o que já existe!?

Esta é uma das propostas da minha música (homem-bandamente falando ou não) e do meu futuro disco Terra à Vista: O primeiro Capítulo de uma História sem fim. Acima de tudo, fazer de coração, a sua verdade. Não adianta forçar algo só pra ser diferente.

Todos são livres para fazer a música que quiser, mas vamos refletir.

A próxima vez que você escutar uma rádio, preste atenção se a música do momento é tão "nova" assim. Veja se você não já ouviu aquilo em algum lugar. Faça um desafio. Tente imaginar no que vai dar a música que você está ouvindo. Tenho certeza que você vai acertar!

Epa! Calma, antes que você pense "São as influências".
Existe um limite entre influência e cópia. Inclusive quando a cópia vai ficando pior e obrigatoriamente obedece uma fórmula de sucesso.

Los Hermanos bebe na fonte do Chico, mas de longe não é Chico!
Pearl Jam bebe na fonte do Neil Young, mas está longe de soar igual ao velho lobo canadense.

Brad Whitford, apesar de acompanhar as músicas comercias do Aerosmith, uma vez declarou que é muito ruim você compor algo com a obrigação de respeitar uma fórmula, um refrão, uma parte instrumental reduzida. Resumindo, tudo dentro de 3 minutos!

Por um gosto próprio, eu gosto de bandas que trazem algo diferente. Mas considero as bandas que são retrô-repeteco, sem problemas. O que eu sou radicalmente contra é com a música que é pura armação cretina. Quando a música é um pretexto para ganhar dinheiro. É um produto, como se fosse um creme dental. E isto faz mal.

Gosto muito de relacionar este "mundo cada vez mais veloz", como diz o Lenine, com o mundo da música.
Tenho várias canções que abordam este tema. Gosto bastante.

Acredito que esta rotina que deixa o mundo louco, as pessoas infelizes com o trabalho, cansaço, fast food, fast tudo, a correria, a cegueira que não nos deixa enxergar além dos outdoors, o "lucrar a qualquer custo" e onde tudo é rapidamente descartável atinja diretamente o mundo da música. (Tudo é um reflexo do mundo, não?)

É a música que está ficando de lado no mundo fonográfico. Tem muita coisa que é só apelo comercial. Acompanha o embalo do mundo. Produção e descarte rápido em grande número. Passamos por uma época de decadência do Mainstream, onde não tem nada criativo. É tudo cópia.

E o planeta aguenta até quando?
É tanto fenômeno fantoche por fim de semana que se perde a sensibilidade. Não dá tempo nem de pensar... "Ops, já é segunda-feira?"

Macaco vê, macaco faz (Estou empolgado, hehe. Acabei de terminar o livro do Planeta dos Macacos, e tem uma parte do livro que reflete sobre isso... Demais!)

Sem contar muito do livro, esta reflexão continua afirmando que os macacos dominaram a terra só que a produção de coisas novas é inexistente. Diz que a cada 100 anos surge algo novo e todos copiam durante um século mudando uma vírgula de lugar. Achei muito interessante que a sociedade símia é apoiada sobre o conhecimento humano, e os macacos depois de muitos anos não criaram nada muito especial. Existem macacos intelectuais que escrevem muito livros, mas são "Variações sobre o mesmo tema". Achei esta relação com o mundo humano fantástica.

Para quem não acompanha esta franquia, é interessante colocar que os Macacos simbolizam uma exagerada (nem sempre) imagem do ser humano. Da mesma forma que é feita a comédia. Resumindo, um cenário crítico ao próprio ser humano na pele de um macaco, que nos faz enxergar com mais facilidade os absurdos de uma sociedade.




Em breve escrevo o "Além dos Outdoors 2". Sobre o tema "Qual é a imagem da música dos anos 00?"

Reflitam aí que vou passar meu Carnaval no silêncio da Natureza!

O título deste texto foi inspirado na música "Além dos Outdoors" do Engeheiros do Hawaii, confira abaixo!


4 comentários:

André DeMarco disse...

Este texto ajuda entender minha luta e minha obra.

Longe de ser uma biografia precoce, como fazem estes artistas atuais.

Fabrício de Souza Pereira disse...

Belo texto!

| Rannyel Abreu | disse...

Ei cara, gostei muito do seu texto. De fato foi exposto claramente uma indignação que também me aflige faz tempo. Inclusive já produzi alguns textos, compus algumas canções, entre outras coisas acerca dessa revolta. Ocorre que me veio a mente a necessidade de vislumbrar isso e passar adiante de alguma forma diferente... Algo arrebatador. Contudo ainda não tive essa epifania. A produções estão guardadas tal como uma nau à deriva esperando alguém pousar.

Algo que você citou me entristece muito, mas é pura realidade. A questão de copiar o existente. E isso por longos períodos. Tudo bem uma cópia inicial para que se amadureca o poder de uma construção critica a fim de modificar, re-inventar ou criar algo novo, porém repetir de mais atrofia a consciência. Vejo isso de forma mais clara ao frequentar minha faculdade de Direito. Nada mais concreto do que teorias antigas que no máximo podem ser (devem ser) citadas nos artigos e nas produções acadêmicas. Caso isso não seja feito o seu texto não tem nenhuma credibilidade. Uma verdadeira afronta à inteligência (potencial) humana. Como afirma Rubem Alves, é uma frieza de texto que não dá opção para o leitor, apenas afirma uma verdade incontestável. Um dogma a ser seguido e copiado. Esse raciocínio se aplica a qualquer outra mídia. Enfim. Acho que nos anos 00 esse é o mal do século. A cópia reina absoluta sobre o comodismo individualista.

Parabéns pelo texto.

abraço

att. Rannyel Costa Abreu

Unknown disse...

É Dé... concordo em muitos aspectos com vc, mas não posso deixar de dizer algum "blargh". Sim, as músicas hoje em dia fazem parte de um movimento inculto, particularmente a música tupiniquim... vou fazer o teste de tentar adivinhar o conteúdo das músicas como vc sugere! O que mais valorizo no seu texto refere-se à sua produção musical movida pela sua emoção e dedicação. Isso é lindo... e espero ansiosa para poder sentir essa nova música... um beijo com carinho pra vc! :)